As lágrimas são um exercício poético. Não há dor que não se supere [a morte cura-a] nem invenção da dor que não se fabrique [actores há-os melhores entre amadores].
Choro por tristeza mas também quando a sensação feliz me inunda. Choro porque lembro e porque não consigo recordar mais com precisão o cheiro, o som da voz. Choro porque me cortei e porque fui mãe. Choro de tanto rir e choro porque o mar é salgado. Choro outros e por outros e em comunhão a outros. Choro, porque temo o dia em que nada me faça chorar, em que nada e nem mesmo um poema me aflore os olhos e me revele a fragilidade de uma lágrima perdida, sem razão, sem explicações neurológicas para um descontrole ocasional.
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